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Aprendendo com a Colômbia

Aprendendo com a Colômbia
Marcos Bertoldi
set. 20 - 3 min de leitura
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Sou um viajante sempre  receptivo aos hábitos e costumes dos diferentes povos e populações. Particularidades culturais me interessam e as comparações são inevitáveis. Estivemos recentemente em Cartagena , Medellín e Bogotá, na Colômbia, país até bem pouco tempo fora do roteiro mainstream de viagens internacionais. A sugestão de amigos, que voltaram muito bem impressionados, nos animou a embarcar.

 

As diferenças começam logo nos primeiros contatos ao percebemos que simples expressões como buenos días, muy amable, con mucho gusto fazem parte do vocabulário corriqueiro para todos a todo momento, independente de classe social ou nível de educação formal.   

Deixando a educação da população de lado e adentrando em terreno mais familiar e sensível, o que gostaria de sublinhar aqui é a qualidade urbanística e arquitetônica dos bairros residenciais que encontramos. Bairros modernos, formados preferencialmente por edifícios de médio ou grande porte onde o revestimento, sempre em tijolos de cerâmica, garante uma agradável uniformidade da paisagem, sem formas estrambólicas, sem cores exageradas e sem exibicionismo vulgar. A paisagem construída se insere de maneira harmônica na paisagem montanhosa, no Vale do Rio Medellín: o que não é verde é cor de tijolo.

Não encontramos edifícios supostamente neoclássicos, lamentável e equivocado status symbol brasileiro com sua falsa suntuosidade barata, onde frisos cafonas, fontes ridículas e estátuas “gregas” camuflam a falta de arquitetura e a decepcionante qualidade espacial, aqui entendida como iluminação, insolação ,proporções, revestimentos e composição espacial. Estes godzillas urbanos, que tanto mal causam a paisagem de nossas cidades e à educação da nossa população que passa, erroneamente, a tomá-los como modelo de ascensão social.

Notáveis ainda são os acessos, jardins, halls de entrada e relações destes edifícios com a sua interface urbana tais como calçadas e vias públicas, dotados do que chamamos de escala humana, onde proporções adequadas são mais importantes do que pés-direitos monumentais, desnecessários e intimidadores. Espaços elegantes e despretensiosos substituem adornos grandiosos e decoração barata, porém ostensiva, sempre em busca de uma atmosfera palaciana de triste presunção.

 

Não existe nada pior do que uma cultura que não se reconhece e que depende de modelos e ideias anacrônicas já há muito superadas em seus países de origem, que uma vez aqui, mal transplantadas, cumprem como sua única finalidade  atender os desejos de diferenciação de uma população inculta e ainda colonizada.

Temos muito a aprender com a Colômbia.


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